Uma doceria singela e discreta do Gama (DF) não apresentava suspeitas aparentes, mas foi descoberta pela Polícia Civil do Distrito Federal como fachada para lavar dinheiro. No local, a Coordenação de Repressão à Fraudes (Corf) apreendeu 25 máquinas de jogos de azar e prendeu o dono, Antônio José Sampaio Naziozeno, por lavagem de dinheiro.
De acordo com o delegado-chefe da Corf, Jeferson Lisboa, os clientes da casa de jogos pagavam as fichas com cartão de crédito e o dinheiro ia direto para a conta de um empresário dono de uma locadora de veículos. “Essa prática criminosa caracteriza lavagem de dinheiro, tanto para o dono da doceira, quanto para o receber do dinheiro. Eles estavam dissimulando o dinheiro”, explicou.
Naziozeno, da casa de jogos, é velho conhecido da polícia. Em 2012 ele foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, por envolvimento no esquema de jogos de azar e organização criminosa de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em 2014 ele foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás por improbidade administrativa pela “atividade de exploração e cartelização de jogos de azar”.
De acordo com a Polícia Civil do DF, Naziozeno também esteve envolvido na Operação Jackpot, em 2013, quando a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) prendeu três pessoas suspeitas de integrar um esquema de jogos ilegais no DF que também seria ligado a Carlinhos Cachoeira. Na época, a polícia identificou sete casas de jogos ilegais no DF – em Sobradinho, Ceilândia, Asa Norte, Asa Sul, Jardim Botânico, Lago Sul e Lago Norte. Segundo a polícia, cada casa faturava em média R$ 8 mil por dia.
Se condenados, Naziozeno e o dono da locadora de veículos podem pegar até dez anos de prisão, cada um. O delegado não revelou o nome da locadora envolvida na fraude nem o nome do empresário para não atrapalhar as investigações que continuam.
Idas e vindas
O contraventor Carlinhos Cachoeira foi preso no dia 29 de fevereiro do ano passado por conta das investigações da PF. Passou quase nove meses preso, a maior parte do tempo no complexo Penitenciário da Papuda, no DF. Foi libertado em 21 de novembro, beneficiado por um alvará de soltura expedido pela 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Ele voltou a ser preso no dia 7 de dezembro, em Goiânia, após ter sido condenado a 39 anos de prisão por peculato, corrupção ativa, violação de sigilo e formação de quadrilha. Em dezembro, ele conseguiu liberdade provisória por meio de habeas corpus concedido pelo desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.