Do Metrópoles

Com 1,6 milhão de veículos emplacados, o Distrito Federal abriga a frota mais nova do país. A grande circulação de carros transformou os estacionamentos espalhados pela capital da República em terreno fértil para ladrões especializados no furto de veículos. Apenas entre janeiro e abril deste ano, 2,5 mil carros foram levados pelos criminosos, uma média de 20 por dia. O número é 13% maior do que os 2.199 veículos levados por bandidos no mesmo período do ano passado. O Metrópoles teve acesso a números exclusivos que deixaram de ser divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social desde março do ano passado.

No mapa dos furtos, o Plano Piloto lidera o ranking das regiões quem mais atraem os criminosos. Nas asas Sul e Norte, 528 carros foram furtados entre janeiro e abril deste ano. Ceilândia, a maior cidade do DF, aparece em segundo lugar, com 370 registros de automóveis levados por ladrões. Taguatinga ocupa o terceiro lugar onde mais se furtam veículos, com 249 casos. A cidade de Samambaia ficou com a quarta colocação, com 200 ocorrências nos primeiros quatro meses deste ano.
De acordo com investigações conduzidas pela Polícia Civil, os carros roubados e furtados no DF costumam ter três destinos. São alvos de desmanche – as peças são retiradas e vendidas no mercado paralelo –; são clonados e transportados para outros estados, a exemplo de Goiás e da Bahia; ou acabam usados na prática de outros crimes, como roubos à comércio e até homicídios. No caso da última hipótese, são abandonados e, em seguida, localizados pela Polícia Militar.

Dia e hora para furtar
Segundo as apurações, além dos locais, as autoridades mapearam o dia da semana e a hora em que mais carros são furtados no DF. Por conta do fluxo de veículos nas ruas durante às sextas-feiras, os criminosos aproveitam para levar os carros sem que os proprietários percebam. A faixa horária mais crítica é justamente das 6h às 18h, quando 287 carros foram furtados apenas no mês de abril.

Os modelos dos carros preferidos pelos ladrões são os chamados “populares”, principalmente pela liquidez e procura exercida pelos criminosos que alimenta o mercado  paralelo de automóveis roubados e furtados (veja arte). No mês de abril, a lista é liderada pelo VW Gol, com 99 unidades. Em segundo lugar, aparece o Fiat Uno, 80 modelos levados pelos bandidos. O GM Corsa ficou em terceiro, com 35 casos de furtos.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança informou que o furto de veículo não faz parte dos crimes contra o patrimônio monitorados de forma prioritária pelo Viva Brasília – Nosso Pacto pela Vida, motivo pelo qual não está no balanço mensal divulgado pela pasta. “Contudo, continuam acessíveis a qualquer cidadão que deseje ter acesso a eles. O mesmo ocorre com o roubo com restrição de liberdade”, explica a nota enviada pela secretaria.

A pasta ressaltou, ainda, que, com relação à divulgação de análises criminais, os documentos são elaborados para orientar o trabalho dos gestores da segurança pública, resultando em ações de combate à criminalidade. “Portanto, por questão de segurança, estas análises não são divulgadas, já que indicam dias, horários e locais de maior incidência dos crimes.”

Quanto ao combate ao furto de veículos, a Polícia Militar reforçou o policiamento ostensivo em todo o Distrito Federal, por meio da operação Redução dos Índices de Criminalidade (RIC), com 800 policiais remanejados das áreas administrativas para as ruas de todo o DF, seguindo as manchas criminais elaboradas a partir de levantamentos da Secretaria de Segurança. A PM também conta com as unidades especializadas para intensificar o patrulhamento e auxiliar nas operações.

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