O caso chama a atenção por acontecer 11 dias depois de um policial militar ser morto com tiro na cabeça durante tentativa de assalto em Sobradinho

Os autores da tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) cometida contra um policial civil, na última sexta-feira, ainda não haviam sido presos até o fechamento desta edição. Como mostrou o Jornal de Brasília na edição de ontem  M.O.S.L., 49 anos, foi encontrado por PMs com sinais de tortura, em um matagal de Planaltina. O carro em que ele estava, um Renault Clio  2007, era uma viatura descaracterizada, que, durante a abordagem dos bandidos, foi roubado e depois carbonizado na Estância III, Módulo 5. O caso chama a atenção por acontecer 11 dias depois de um policial militar ser morto com tiro na cabeça durante tentativa de assalto em Sobradinho.

Segundo informações da Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), o agente  trabalha no cartório da 31ª DP, na Vila Buritis 4, em Planaltina. A vítima teria sido surpreendida por dois homens na Quadra 5 da região. A suspeita é de que eles teriam ameaçado o policial com arma de fogo e, em seguida, roubado o carro e o levado para um matagal. O homem foi encontrado com várias escoriações no rosto.

Ainda de acordo com informações da Polícia Civil, as investigações serão comandadas pela própria delegacia onde a vítima  trabalha. No local onde o carro foi encontrado carbonizado, ninguém quis falar com a equipe do JBr.

Assim que foi achado,  M. foi encaminhado por uma unidade do Samu ao Hospital Regional de Planaltina. Ele não corre risco de morrer. A localização do policial foi possível após uma ronda de rotina dos PMs. No interior do carro carbonizado havia uma calça jeans suja de sangue,  vestígio que levantou a suspeita sobre um possível crime mais grave.

“Falta de investimento”

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol), Rodrigo Franco, os crimes refletem a falta de investimento em segurança pública. “O Fundo Constitucional designado à área está sendo desviado para outras. Sofremos um corte de mais de R$ 600 milhões em segurança. É claro que isso está se refletindo nas ruas, na população. E os policiais fazem parte da população”, critica.

Ele avalia também que Brasília está virando um grande centro urbano, com todos os problemas de criminalidade que possuem. “Não estamos mais numa cidade tranquila. Hoje, além do caos na saúde e na educação, vivemos uma onda de violência”, aponta. Além disso, salienta Rodrigo Franco, uma possível solução para o cenário parece distante de acontecer, já que “o   governo  fechou os olhos para a Polícia Civil.”

Servidores da segurança alvos da violência

Vale lembrar que o policial militar morto em Sobradinho no dia 20 de abril  era sargento do Batalhão Escolar. Ele tinha 46 anos e foi abordado quando chegava de carro em casa.  Antônio Marcos de Araújo estava com a mulher, que foi baleada no  abdômen e na perna, e com a cunhada, atingida   no joelho.

Na edição do dia 20 de janeiro deste ano, o JBr. já mostrava a violência sofrida por policiais civis e militares. De acordo com reportagem veiculada na data, em menos de um mês, pelo menos três servidores da Secretaria de Segurança  morreram ao reagir a assaltos. As vítimas foram um policial civil, um bombeiro e  um agente penitenciário. Todos estavam armados.

De folga

De acordo com a Polícia Militar do DF, dez policiais morreram durante a folga em 2013 e seis no ano passado. A maior parte deles foi vítima de disparo de arma de fogo, decorrente de homicídio doloso ou latrocínio.

Na época,  Rodrigo Franco, diretor do Sinpol, afirmou que os números haviam sido solicitados ao antigo governo, que não atendeu a demanda. “Os policiais têm a obrigação legal de reagir a qualquer situação que coloque em risco a segurança pública. Mas  os bandidos agem de forma ainda mais violenta quando descobrem que a vítima é policial. Fazem isso porque têm certeza da impunidade”, declarou. Hoje, ele lamenta o ocorrido com o policial civil. “É mais uma vítima. Também sofremos com a falta de segurança”, diz.

O JBr.  procurou a assessoria do GDF para um posicionamento sobre a questão da violência contra policiais. Não houve resposta até o fechamento desta edição.

Fonte: Jornal de Brasília 

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