A força dos servidores da Segurança Pública foi demonstrada na tarde desta quarta, 17, durante uma carreata pela área central de Brasília. Cerca de dois mil veículos engrossaram a manifestação convocada pela União dos Policiais do Brasil (UPB) para protestar contra o tratamento dispensado pelo governo federal aos policiais de regime civil.
Além da PEC Emergencial, o movimento também focou na Reforma da Previdência e na Lei Complementar 173. O trio, por si, instaurou um cenário de grande ameaça não só aos direitos e conquistas históricas desses servidores, mas ao cidadão que, na ponta, depende do serviço público.
Para além deles, o cenário caótico imposto pela pandemia de COVID-19 e a promessa de uma Reforma Administrativa que ataca diretamente a todos os servidores foram a gota d’água para acirrar os ânimos contra o governo federal – sobretudo pela contradição do discurso que prometeu valorizar a Segurança Pública.
O descontentamento ficou nítido não só pelo volume de participantes do ato, mas pelo barulho que eles fizeram ao percorrer todo o Eixo Monumental (saindo do Estádio Nacional Mané Garrincha) até o Congresso Nacional.
REFORMAS
Alex Galvão, presidente do Sindicato dos Policias Civis do DF (Sinpol-DF), destacou que o momento é urgente para defender as prerrogativas dos policiais. “As reformas que vêm acontecendo têm atingido demasiadamente toda a categoria. Nosso objetivo é mostrar, tanto para a população quanto para o governo, que os policiais são essenciais”, destaca.
Durante o trajeto, Alex revezou com dirigentes das 24 entidades que integram a UPB (e representam policiais civis, federais, rodoviários federais, guardas municipais, entre outros) a oportunidade de esclarecer para toda a população o porquê do tom de revolta dos policiais.
“Nós estamos na linha de frente, temos três vezes mais chance de contrair a COVID-19, não paramos de trabalhar um minuto sequer, pois a criminalidade não faz lockdown, mas sequer começamos a receber a vacina. Potencializamos o risco à vida que já é característico da nossa profissão, mas temos sido cada vez mais penalizados”, completou Galvão.
A crítica à demora na vacinação também deu o tom do discurso de Rafael Sampaio, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo-DF) e da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ).
“O governo precisa tratar bem aqueles que estão garantindo a segurança e a ordem durante esse período de pandemia. O que temos visto, é o governo não nos priorizando na vacinação diante dos grandes índices de contaminação aos quais estamos submetidos”, frisou Sampaio.
VALORIZAÇÃO
A decepção com o tratamento que o governo federal tem dispensado aos policiais de regime civil também ficou evidente entre os dirigentes das entidades.
“O novo governo gerou uma expectativa entre os profissionais de Segurança Pública. Achávamos que a categoria seria mais valorizada, visto todo o trabalho que desenvolvemos. Mas estamos frustrados diante das sucessivas perdas de direitos”, disse Marcelo Azevedo, vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais.
Em coro, Luis Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), disse esperar que diante dessa mobilização dos servidores (a UPB promoverá uma série de atos, com o mesmo enfoque, nas próximas semanas) o governo mude a postura com as categorias.
“Nós já vamos para a quarta proposta em que os policiais serão duramente atingidos. Nós esperamos que o governo federal mude a sua postura e trate esses trabalhadores com o respeito que merecem. Nós não paramos durante a pandemia, assim como os profissionais da saúde e, assim como os militares, merecemos um tratamento diferenciado”, completou Boudens.
André Gutierrez, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), comemorou o engajamento dos milhares de policiais que compareceram ao ato. Ele afirmou que essa união será imprescindível para os atos seguintes.
“É importante o engajamento das categorias. Vamos cercar o poder, com essa e outras manifestações, até que entendam a necessidade do servidor policial em defender o cidadão brasileiro. Nós, sim, defendemos o cidadão brasileiro”, afirmou.
APOIO
A deputada Celina Leão (PP-DF) acompanhou a carreata. Os também deputados Professor Israel Batista (PV-DF) e Antonio Carlos Nicoletti (PSL-RR) compareceram à manifestação e demonstraram o apoio aos policiais.
“Nós temos, aqui no Brasil, um plano para a destruição do serviço público. Daqui a pouco, nós teremos a PEC 32, que é a Reforma Administrativa e visa, por exemplo, acabar com a estabilidade dos servidores. Parabéns aos servidores da segurança, aos policiais que despertaram”, disse Batista.
Um segundo ato da UPB, com o mesmo tom, já está programado para a próxima segunda, 22, em todas as unidades policiais do Brasil, que vão paralisar as atividades das 15h às 16h.
Já estamos perto de chegar um dia e não termos nem mais o direito ao salário, isso vem acontecendo pois não sabemos votar nos menos piores a cada eleição vindoura. Fica a reflexão