CORREIO BRAZILIENSE

 

SERVIDORES APRESENTAM NOVA FATURA AO GOVERNO

Pauta da campanha salarial de 2013 exige reposição das perdas inflacionárias. Caso o Executivo não dialogue, as lideranças prometem uma nova onda de paralisações. Negociação deve começar ainda este mês, segundo a Condsef

 

A Confederação Nacional dos Servidores Públicos (Condsef), que representa mais de 80% das categorias do funcionalismo federal, está com a pauta pronta para a Campanha Salarial Unificada de 2013. Insiste nos mesmos termos que atormentaram o governo com uma longa greve em 2012, e não abre mão de abrir as negociações imediatamente. Isso porque os servidores foram obrigados a aceitar o tudo ou nada do governo no ano passado e abraçaram o reajuste salarial de 15,8% (5% em três anos). A partir de março, pretendem mostrar que não engoliram o cardápio linear do Ministério do Planejamento. Se a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff achava ter encontrado a fórmula da paz até 2015, deve se preparar. A briga vai ser tensa.

“Não houve avanço no ano passado. O aumento foi insuficiente. Continuamos lutando por política salarial permanente com reposição inflacionária, correção das distorções, data-base em 1º de maio, paridade entre ativos e inativos e, principalmente, retirada, no Congresso, de todos os projetos e medidas contrários aos interesses dos servidores”, disse Josemilton Costa, secretário-geral da Condsef. O último item configura o tamanho da batalha. Existe, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), pelo menos 32 projetos concernentes aos servidores. Destes, 10 são motivos de combates constantes entre Executivo, Legislativo e trabalhadores.

Eles tratam de restrições aos gastos do governo com pessoal: aposentadoria especial, fundações estatais de saúde — entendidas como privatizações de hospitais universitários —, demissões por insuficiência de desempenho, reforma da Previdência, direito de greve, negociação coletiva, cadastro nacional de servidores demitidos, contribuição de inativos, entre outros. A Condsef quer também a eliminação do Artigo 78, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que define o prazo até 31 de agosto para encaminhamento de projetos de lei que reestrutura a carreira e concede reajuste aos trabalhadores. E reclama que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não os atende.

No dia 20 de fevereiro, várias entidades dos servidores fizeram um ato em frente ao Planejamento para marcar o lançamento da Campanha Salarial Unificada 2013. Queriam audiência com a ministra, mas não foram atendidas. A categoria se organiza agora para uma grande marcha a Brasília em abril, provavelmente no dia 24, para buscar uma resposta adequada do governo. A Campanha foi protocolada em 22 de janeiro, em oito setores diferentes do governo. Além dos itens que uniram a categoria em 2012, foram incluídos equiparação dos valores do auxílio-alimentação nos Três Poderes (tema que aguarda análise no Supremo) e melhorias nos planos de saúde dos servidores públicos e suas famílias.

 

Sangues-azuis

Os servidores de elite, os chamados “sangues-azuis” pela presidente Dilma Roussef, também preparam seu arsenal. Prometem defender no Congresso matérias como Previdência Social, justiça fiscal, tributação, aposentadoria e justiça no trabalho. Tese dos auditores-fiscais da Receita Luiz Carlos Amaral Veloso Filho e Cláudio Peres de Queiroz sugere, inclusive, que a categoria faça lobby junto aos parlamentares.

Os auditores da Receita acompanham e apoiam processos que pedem que o Supremo anule a aprovação da reforma da Previdência, em 2003, sob a alegação de que houve compra de votos de parlamentares no período, pelo esquema do mensalão. O presidente do Sindifisco, sindicato da categoria, Pedro Delarue, foi enfático e citou, como exemplo, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 555/2006), que acaba com a contribuição dos servidores inativos. “Queríamos a extinção imediata da cobrança. Mas acabamos concordando com outra proposta que reduz o valor em 20% a cada ano, a partir dos 60 anos, e só para após os 65 anos”, destacou. No dia 20 de março, o Sindifisco participa, na Câmara dos Deputados, do Encontro Nacional pela aprovação da matéria.

 

Pleitos protocolados

Confira as principais reivindicações dos servidores públicos:

» Definição da data-base em 1º de maio, para que as negociações não fiquem vinculadas à elaboração do Orçamento da União, considerado restritivo demais.

» Uma política salarial permanente, com um gatilho para a reposição inflacionária e a incorporação de gratificações.

» Cumprimento, por parte do governo, dos acordos de restruturação das carreiras que foram firmados nos últimos anos, mas ainda não saíram do papel.

» Retirada do Congresso de textos que alteram a legislação para retirar direitos dos trabalhadores.

» Supressão do artigo 78 da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que define o prazo de 31 de agosto para o envio de projetos de restruturação das carreiras e de concessão de reajustes

» Paridade salarial entre ativos, aposentados e pensionistas.

PATRÍCIO É O NOVO CORREGEDOR DA CÂMARA

Os deputados distritais não chegaram a um acordo ontem e adiaram novamente a definição do comando das comissões permanentes da Câmara Legislativa. A sessão se arrastou até as 21h30 sem que houvesse entendimento. Uma nova tentativa de definição das áreas temáticas foi marcada para a próxima terça-feira. Definida ontem foi a eleição de Patrício (PT) para a Corregedoria, assim como de Evandro Garla (PRB) para a Ouvidoria e de Luzia de Paula (PPS) para a recém-criada Procuradoria da Mulher.

Escolhido pelos colegas para ocupar o posto de corregedor, Patrício terá como primeira missão a análise do caso do colega Raad Massouh (PPL), acusado de irregularidades na destinação de recursos de emendas parlamentares para a realização de festas. No ano passado, ele foi um dos alvos da Operação Mangona, realizada pelo Ministério Público do DF e dos Territórios (MPDFT) e pela Polícia Civil. Então ocupando a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Raad teve documentos apreendidos na sede da pasta e na própria casa.

Se em áreas sem disputa houve acordo, nas comissões não ocorreu o mesmo. A presidência da Comissão de Assuntos Fundiários (CAF) acabou emperrando o processo que tinha sido negociado pelo Colégio de Líderes. A disputa entre Cláudio Abrantes (sem partido) e Cristiano Araújo (PTB) foi acirrada e registrou até mesmo a intervenção do governador Agnelo Queiroz (PT), que chamou os adversários ao Palácio do Buriti. Mas nem a conversa reservada resolveu. Alguns deputados ficaram irritados com a demora, mas o presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), decidiu, por fim, protelar a decisão. “Se não há entendimento, temos de adiar”, resumiu.

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