CORREIO BRAZILIENSE
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ENTREVISTA COM VICE PRESIDENTE DO SINPOL DF (ANDRÉ RIZZO)
Em greve há pouco mais de uma semana, policiais pressionam o governo em busca de melhores salários, mas a Polícia Civil do DF não é a mais bem paga se comparada a de outros estados?
Depende da ótica. Se analisarmos no contexto das carreiras essenciais ao Estado, estamos entre as de menor remuneração. Todo o trabalhador tem de ter salário justo para o tipo de serviço que presta e o nosso, segundo o próprio Supremo, é atividade indelegável.
Já tem algum tempo moradores do DF convivem com o medo de se tornarem vítimas, sensação de insegurança que nem a polícia preventiva, nem a repressiva conseguem evitar. Qual a responsabilidade da Civil nessa realidade?
A Polícia Civil é o retrato da falta de investimento governamental. É hoje o que era em 1993. Está há 19 anos congelada com o mesmo efetivo. Enquanto isso, a população do DF quase dobrou, o Entorno inchou e nós somos obrigados a dar as respostas com o mesmo efetivo de 20 anos atrás. Aí eu pergunto como as pessoas se sentiriam se nesse espaço de tempo a empresa onde trabalham tivesse dobrado o número de filiais, mantendo a mesma quantidade de funcionários, sem dar aumento de um centavo há seis anos para seus trabalhadores?
A greve com prejuízo de serviços essenciais éa única forma de reivindicação?
A greve é um instrumento legítimo do trabalhador e o policial também é um trabalhador. Feliz de uma sociedade que tem policiais reivindicando melhores remunerações, porque aqui esses trabalhadores vivem dele, quem paga o nosso salário é a sociedade, não é o traficante, não é o dono da clínica de aborto, não é o dono do jogo do bicho.
Essa pressão é feita sobre o governo local, sendo que a corporação é paga com recursos do Fundo Constitucional, abastecido pela União.
Como fazer para que a reivindicação chegue a quem pode de fato resolver?
Isso é uma inverdade dita pelo GDF. O Distrito Federal é um ente federado autônomo e os recursos são oriundos da União, porém o gestor pleno desse fundo é o governador. O que esperamos é que ele assuma seu papel e faça valer compromissos que firmou com a categoria.
Recentemente dois policiais civis foram condenados a 17 anos de prisão acusados de formação de quadrilha e homicídio. O sindicato assumiu a linha de frente da defesa desses agentes. Não expõe a corporação?
O sindicato tem a obrigação e a finalidade precípua de defender seus sindicalizados. E nesse caso específico nos sentimos muito mais à vontade por termos plena convicção da inocência desses policiais, que jamais estiveram no local do crime. A condenação foi uma grande injustiça, que vamos tentar reverter.
Em outra situação, dois delegados são apontados em denúncia do Ministério Público de receber dinheiro para não investigar grilagem de terra. Situações como essa mancham o nome da instituição?
Obviamente que mancha e que causa um mal-estar, mas é óbvio também que não coadunamos com esse tipo de conduta. Seria hipocrisia afirmar que não existe corrupção e maus policiais na instituição. Mas posso garantir que aqueles que se aventuram por esse caminho são expurgados pela própria instituição, pelos colegas. Não acreditamos no policial bandido, o que existe é o bandido travestido de policial. Esse sim deve ser punido com todo o rigor.
E tem muito bandido travestido de policial no DF?
Diria que uma porcentagem ínfima. A Polícia Civil do DF é feita de homens e mulheres valorosos e é por isso que fazemos as nossas reivindicações por meio de greves, porque vivemos e dependemos dos nossos salários. É muito importante que a sociedade nunca perca de vista que somos a última fronteira entre o cidadão de bem e o marginal. Entramos em ação quando todas as outras instituições falharam, família, Estado, igreja, escola.
Nota no Site da Rede Democrática PMDF
Aos nobres colegas do SINPOL-DF e PCDF nosso apoio à sua luta. Acredito que deveríamos há muito tempo estar juntos nesse embate. Ainda é tempo. Eles têm o poder do sindicato, nós da mobilização da categoria.
Equipe da RD.