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Economia

POLÍCIA CIVIL DO DF CRUZA OS BRAÇOS

 

A Polícia Civil do Distrito Federal decidiu ontem decretar greve pelos próximos sete dias. Durante esse período, os agentes atenderão apenas os casos graves, crimes hediondos e flagrantes. A categoria reivindica reestruturação de carreira, aumento no quadro de funcionários, transformação do cargo de agente penitenciário e plano de saúde subsidiado pelo governo. A Secretaria de Administração Pública informou que não suspendeu o diálogo com os grevistas e que espera resposta do Ministério do Planejamento para resolver o impasse, já que os recursos para bancar gastos com segurança vêm da União. Sendo assim, só depois dessa manifestação, o Governo do Distrito federal poderá apresentar proposta definitiva à categoria. A situação se agravará principalmente no entorno do DF, pois os policiais civis de Goiás estão de braços cruzados há 43 dias.

 

 

JORNAL DE BRASÍLIA

 

Ponto do Servidor

 

POLÍCIA CIVIL DO DF PARA

Não são apenas os funcionários do Itamaraty que decidiram cruzar os braços. Os agentes da Polícia Civil do Distrito Federal entram em greve por tempo determinado (sete dias) a partir das 8h de hoje. A categoria – que negocia com o Ministério do Planejamento, a exemplo dos servidores públicos federais, por ser custeada com recursos do Fundo Constitucional do DF – exige a reestruturação da carreira e recomposição salarial de 23%, além do aumento do efetivo por meio da realização de concurso público, renomeação do cargo de agente penitenciário e o plano de saúde subsidiado pelo Governo do Distrito Federal. Hoje, cada agente policial civil recebe R$ 7,1 mil de salário.

 

FALTA DE ATENÇÃO

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol), Ciro de Freitas, a falta de atenção das autoridades em relação às reivindicações dos policiais teria motivado a paralisação da categoria. “O prazo para o posicionamento do governo vence no dia 29, até o momento ninguém nos recebeu, tão pouco apresentou interesse em analisar nossas reivindicações. Até as reuniões com o Ministério do Planejamento foram canceladas”, afirmou.

 

SÓ REGISTROS GRAVES

Diante da greve, a população terá acesso apenas aos registros relacionados a ocorrências de crimes contra a vida ou flagrantes. A emissão de carteiras de identidades só estará disponível para portadores de necessidades especiais, idosos e gestantes. Os demais serviços como vistorias de automóveis serão remarcados. Procurado, o secretário de Segurança, Sandro Avelar, disse que “ainda não fomos procurados, mas caso isso ocorra, estaremos de portas abertas para ouvir as reivindicações.”

 

DILMA COBRA PUNIÇÃO

Para colocar um ponto final no movimento grevista, a presidente Dilma Rousseff exigiu punição exemplar dos grevistas que tenham ultrapassado os limites da legalidade. Irritada com o que considera abusos, especialmente na Polícia Federal e mais ainda na Polícia Rodoviária Federal, Dilma cobrou do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a identificação dos policiais que cometeram abuso de poder ou outras irregularidades, como a de uma placa colocada em um posto da PRF na Via Dutra com os dizeres “passagem livre para traficantes de armas e drogas” e o protesto na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu.

 

NEM UM CENTAVO A MAIS

As negociações com diversos setores continuou ontem no Ministério do Planejamento, mas o fato é que o governo não pretende ir um centavo além dos 15,8% oferecidos na semana passada, a serem divididos em três parcelas. A aceitação do reajuste, explica um assessor próximo da presidente, não significa  que o governo deixará de negociar as outras reivindicações, como os ajustes dos planos de carreira pedidos por diversas categorias, mas para 2013 o aumento não irá nada além do já oferecido. Dilma, no entanto, não quer continuar a conversa com os servidores em greve. A pressão veio por meio da decisão de cortar o ponto e descontar os dias parados de 11,5 mil servidores em greve.

 

CONTRACHEQUE ZERADO

Em alguns casos, funcionários tiveram o pagamento zerado este mês, o que causou revolta nos sindicatos. “Nós entramos com um pedido de liminar com urgência no Supremo Tribunal Federal para tentar conter esse abuso de poder”, disse Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação dos Trabalhadores no  Serviço Público Federal (Condsef). “Há uma nota técnica do próprio Ministério do Planejamento do ano passado dizendo que o desconto deveria ser de apenas sete dias para não prejudicar a questão da alimentação e do pagamento das contas dos servidores”. Os sindicatos dos policiais federais também irão entrar na Justiça contra o corte de ponto.

 

REUNIÃO COM FEDERAIS

Os policiais federais, em greve desde a semana passada, terão uma reunião hoje de manhã com o Ministério do Planejamento. Os agentes da PF querem a revisão do plano de carreira da categoria. “Temos uma defasagem salarial, mas o governo oferece apenas a reposição, e isso não nos interessa. Queremos a remodelação da carreira policial. Esse reajuste só nos interessa como uma primeira parcela da reestruturação”, explicou Paulo Polônio, vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).

 

CORTE CHEGOU A R$ 20,7 MILHÕES

Segundo o Ministério do Planejamento, o Governo Federal deixou de pagar R$ 20,7 milhões de salários aos servidores que estão em greve desde julho. A maior parte do corte de ponto aconteceu nas agências reguladoras. Das dez áreas com maior quantidade de pessoas com o ponto cortado, 8 são agências reguladoras. Na administração direta, 3.416 servidores tiveram o salário descontado. O corte de ponto decretado na terça-feira pelo Governo Federal atingiu 11.495 servidores que estavam em greve no mês de julho, com exceção dos professores e servidores das universidades federais. Algumas categorias, como os policiais federais e policiais rodoviários federais, além dos servidores do Itamaraty, não foram atingidas ainda pelo corte porque ainda não estavam parados no mês passado.

 

IBGE LIDERA

O IBGE teve 52,4% dos funcionários com o salário descontado. O segundo maior corte aconteceu na Comissão Nacional de Energia Nuclear, em que 40,5% dos funcionários tiveram descontos. Na Agência Nacional de Cinema, quase 40% dos servidores tiveram o ponto cortado. Na Agência Nacional de Transportes Terrestres, 36,5% e na de Transportes Aquaviários, 27,9%. Na Agência Nacional de Energia Elétrica foram 31,8%.

 

CARGOS DE CONFIANÇA ENTREGUES

Já os policiais rodoviários federais do Distrito Federal que ocupam cargos de chefia nos núcleos administrativos colocaram os cargos à disposição ontem, em um protesto pela abertura de diálogo com o Governo Federal e o atendimento das reivindicações salariais e aumento de efetivo da categoria. Uma nova reunião entre os policiais rodoviários e o governo está marcada para hoje. Os agentes rodoviários de outros estados estão em greve desde quarta-feira passada. O diretor financeiro do sindicato da Polícia Rodoviária no Distrito Federal, Tadeu Teixeira Júnior, informou que os policiais de Brasília vão analisar a proposta do governo antes de tomar uma decisão sobre uma eventual paralisação.

 

SERVIDORES DO ITAMARATY DIZEM NÃO

As negociações entre o Governo Federal e os funcionários do Itamaraty continuam sem acordo. Ontem, durante reunião no Ministério do Planejamento, representantes do governo ofereceram proposta de reajuste de 15,8%, dividido em três parcelas até 2015. Segundo o consultor do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty), Marcos Torres, a principal reivindicação da categoria é que o governo transforme a remuneração recebida pelos servidores em subsídio. “Ficamos de fora de uma determinação de 2008 que previa que atividades exclusivas de Estado seriam remuneradas por subsídio, em vez de gratificações e adicionais”, explicou.

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