JORNAL DE BRASÍLIA

 

Economia

 

SERVIDORES

GOVERNO ADIA CONVERSA

Reunião estava prevista para hoje. Agora, categoria promete endurecer a greve           

 

O Ministério do Planejamento não apresentará hoje, como previsto, a proposta de reajuste aguardada pelos servidores federais, paralisados há 41 dias. O órgão enviou um ofício à Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef) suspendendo as reuniões com a categoria sobre a pauta de reivindicações geral, previstas para esta semana. Os encontros devem ser retomados somente a partir do próximo dia 13. Diante da decisão, a Condsef anunciou que pretende endurecer a greve.

A data (31 de julho) havia sido acordada como prazo final para apresentação de uma proposta, a fim de que os servidores tivessem tempo suficiente para analisá-la. Isso porque após 30 de agosto já não será mais possível modificar a previsão orçamentária para 2013. Por meio da Assessoria de Comunicação, o Planejamento confirmou o envio do ofício, mas disse que a negociação da pauta geral foi apenas adiada. Segundo o órgão, as reuniões com as categorias para debater assuntos específicos estão mantidas. Hoje, está previsto, por exemplo, encontro com servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Para Sérgio Ronaldo da Silva, diretor do Condsef, a suspensão é mais um sinal de que o governo não tem proposta”. “Ele mesmo (governo) tinha fixado essa data do dia 31.

A orientação agora é intensificar a greve e as manifestações em todo o País”, disse. Para hoje, está previsto um ato dos servidores, com concentração a partir das 9h em frente à Catedral. De lá todos os setores em greve e mobilizados vão seguir para uma ação política na busca por respostas imediatas do governo à pauta apresentada pela categoria.

Ontem, os servidores fizeram uma distribuição de panfletos para explicar à população os motivos que levaram as categorias à greve. O ato aconteceu na Rodoviária do Plano Piloto.

Cerca de 350 mil trabalhadores aderiram à paralisação, protestando por aumento salarial. De acordo com a confederação, apenas as categorias de base da Condsef representam 80% de todos os servidores do Executivo federal que aderiram à greve nacional.

O secretário-geral da Condsef, Josemilton Costa, afirma que a categoria pretende buscar mais integrantes para a greve. Os servidores querem a correção da inflação desde 2010 e a aplicação do crescimento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB), o que representaria um reajuste salarial de 22,08%. O Ministério do Planejamento, no entanto, descartou a proposta dos grevistas e desde então as categorias esperam uma contraproposta.

 

Reajuste menor

 

Apesar da pressão dos servidores, o governo só aceita discutir com os servidores em greve mecanismos que preservem o poder de compra dos salários, como mostrado no  Ponto do Servidor na edição de ontem. Portanto, é forte a ideia de que seja anunciada a concessão de reajuste linear (índice único) para todo o funcionalismo.

A ordem é reduzir ao máximo os impactos de um reajuste salarial que englobe os três poderes nas despesas do Tesouro Nacional. Assim, estão fora da pauta de negociação temas como recomposição salarial ou ajustes de planos de cargos e salários.

Uma proposta em discussão é escalonar os reajustes em vários anos, inclusive para os servidores do Judiciário. De acordo com o governo, os reajustes concedidos desde 2003 superam a inflação do período. Isso significa que nenhum servidor teria perdido renda nos últimos dez anos.

 

Ponto do Servidor

 

VELAS PARA CARGOS VAGOS

Os servidores administrativos da Polícia Federal avaliaram que chegou o momento bater de frente com o governo. Amanhã, a categoria fará manifestação em frente ao Palácio do Planalto na qual será acesa uma vela para cada cargo vago na carreira. A intenção é simbolizar a grande carência de servidores administrativos enfrentada pelo órgão, motivada pela baixa remuneração e por atualmente não existir expectativa de crescimento profissional na carreira. O sindicato da categoria (SINPECPF) informa que desde 2007 os administrativos negociam, sem sucesso, a reestruturação de sua carreira junto ao Ministério do Planejamento. Por duas vezes o governo chegou a firmar acordo se comprometendo a concretizar a reestruturação. Contudo, os compromissos não foram honrados.

 

CORREIO BRAZILIENSE

 

DILMA SUSPENDE AS NEGOCIAÇÕES

Presidente avisa às lideranças que propostas agendadas para hoje só devem ser feitas depois do dia 13. Grevistas prometem resistência

 

No primeiro dia de despachos após a viagem a Londres, para a abertura da Olimpíada 2012, a presidente Dilma Rousseff, mais uma vez, endureceu com os servidores públicos federais que estão em greve. Ela mandou que os responsáveis por receber as lideranças do movimento suspendessem todas as negociações até a segunda quinzena de agosto. O Palácio do Planalto tinha hoje como data-limite para apresentar uma resposta às reivindicações levadas ao Ministério do Planejamento durante os mais de 40 dias de paralisação. Em comunicado enviado aos sindicatos, prorrogou a divulgação de propostas para o período entre 13 e 17 de agosto.

No ofício do Planejamento, no entanto, não há qualquer justificativa para a decisão. Procurada pelo Correio, a assessoria de imprensa da Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do órgão explicou que não haverá, por ora, reuniões para que as autoridades tenham condições de trabalhar, já que, ultimamente, toda a jornada de trabalho delas estava sendo tomada pelas negociações.

A determinação da presidente causou indignação entre os grevistas. Os líderes sindicais anunciaram que vão reforçar as manifestações ao longo das próximas semanas. “Foi o próprio governo que estipulou essa data e, agora, está descumprindo com o prometido. Isso nos leva a pensar que o Palácio do Planalto acha interessante que a greve continue no serviço público ou está fazendo de conta que a paralisação não existe”, reclamou o presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo.

A entidade, que representa 80% dos trabalhadores do Executivo, diz que o Dia Nacional de Lutas, marcado para hoje, com manifestações em todo o país, será intensificado com a revolta dos servidores devido ao novo prazo marcado pelo governo. A prorrogação aumentou o ceticismo entre os servidores. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), Pedro Delarue, não espera grandes novidades no dia 13, e tacha o adiamento estipulado pela Presidência de previsível. “Nós já havíamos adiantado isso: o governo tem apresentado essa forma pouco honesta de negociar desde o ano passado”, afirmou.

Para Delarue, a proposta não sairá em duas semanas, e o prazo será protelado novamente até o fim do mês. Ele acredita que, em 31 de agosto, o governo não vai acatar nenhuma das reivindicações (veja arte) da categoria ou, no máximo, vai aceitar a reposição da inflação de 2012 em 2013. Caso o Executivo opte por essa alternativa, diz Delarue, a paralisação será mantida, mesmo após o fim do prazo para encaixe no orçamento. “Nossa greve não tem data para acabar. O governo que mude a lei”, protestou.

 

Plafletagem

Servidores públicos federais de 13 órgãos, em greve há 43 dias, fizeram na tarde de ontem uma panfletagem na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, em prol da campanha salarial de 2012. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o objetivo do ato foi conscientizar a população em relação aos motivos que levaram as categorias a interromper as atividades. E as lideranças prometeram que devem permanecer de braços cruzados até 31 de agosto, prazo-limite para o Ministério do Planejamento fechar o orçamento para 2013.

Se até lá o Executivo não apresentar nenhuma proposta aos trabalhadores, os sindicatos terão que decidir se retornam ou não ao trabalho. “Após essa data, não terá mais nada a fazer para 2013. Cabe aos sindicatos decidirem se vamos voltar ao trabalho ou continuar em greve e iniciar a campanha salarial para (o orçamento de) 2014”, ironizou o diretor da Condsef Carlos Henrique Ferreira.

Porém os sindicalistas se mostraram otimistas e afirmaram que a distribuição do material informativo garantiu a transparência do serviço público diante da sociedade. “O evento de hoje (ontem) foi importante para que possamos esclarecer as dúvidas das pessoas em relação ao movimento e explicar que a culpa de estarmos protestando é do governo”, ressaltou Ferreira.

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