JORNAL DE BRASÍLIA
Do Alto da Torre
VICE DA CÂMARA EM NOVO PARTIDO
O vice-presidente da Câmara Legislativa, Doutor Michel (foto), estará hoje de partido novo. Aproveitará a brecha criada para fundador de legenda para se inscrever no Partido Ecológico Nacional, o PEN. Eleito pelo nanico PSL, Doutor Michel colecionava atritos com seu partido. Deve, porém, manter o apoio ao Buriti, que tem como secretário de Assuntos Estratégicos justamente o presidente regional do PSL, Newton Lins.
MAIOR QUE OS OUTROS
Com a adesão de Doutor Michel e com outra já anunciada, a do distrital Israel Batista, o PEN já surge com duas cadeiras na Câmara Legislativa. Até já pouco, isso lhe bastaria para tornar-se um dos segundos colocados por número de distritais. Afinal, apenas o PT tinha mais deputados do que isso, cinco. PMDB, DEM e PPS tinham dois e o resto da Câmara era composto por bancadas-do-eu-sozinho. Foi então que surgiram duas outras legendas, o PSD, que açambarcou quatro distritais e o PPL, que chegou a dois. Ambos, aliás, são secretários do Governo Agnelo.
DO LADO DE QUEM
Michel e Israel não são os únicos parlamentares brasilienses a terem mantido contatos com o PEN. Até a deputada federal Jaqueline Roriz chegou a conversar a respeito. Faria sentido. Presa ao PMN, que tem apenas um deputado – ela própria – Jaqueline enfrenta obstáculos óbvios para receber relatorias de importante ou postos na estrutura da Câmara dos Deputados. Antes de mais nada, porém, a deputada quis saber com quem o PEN ficaria no Distrito Federal. Quando soube que estaria ao lado do Buriti, a conversa morreu.
SEMPRE CABE MAIS UM
O PEN já serviu também para conversas com o secretário de Justiça, Alírio Neto, que é deputado distrital licenciado e está em confronto com o PPS, pelo qual se elegeu. Seria caminho natural ainda para Luzia de Paula, aliada e suplente em exercício de Alírio. Eventualmente até o segundo distrital do PPS, Cláudio Abrantes, poderia entrar no pacote.
CORREIO BRAZILIENSE
GREVE DE AGENTES CIVIS PARA 13 MIL INQUÉRITOS
De braços cruzados desde a última quarta-feira, a categoria reivindica aumento salarial e melhores condições de trabalho. Só crimes considerados graves são registrados nas delegacias
A pilha de processos parados, a falta de estrutura e o baixo efetivo dos policiais nas delegacias do Entorno revelam os motivos pelos quais os agentes da Polícia Civil de Goiás (PCGO) cruzaram os braços por tempo indeterminado. Desde a última quarta-feira, os 400 profissionais distribuídos em 19 municípios e em 26 unidades nos arredores da capital federal interromperam as quase 13 mil investigações e passaram a registrar apenas ocorrências de crimes graves, como homicídios e estupros. O movimento segue a tendência em Goiás, onde cerca de 3,5 mil servidores estão em greve.
Toda a categoria, entre investigadores, escrivães, peritos, médicos legistas, auxiliares de autópsia e papiloscopistas que atuam no Entorno, aderiram à paralisação. Como o estabelecido em lei, eles cumprem apenas 30% das atividades. Sem os serviços de investigação, por exemplo, cerca de 6 mil inquéritos de homicídios estão parados. Desacreditada, a população deixa de ir às delegacias. Nas quatro unidades visitadas ontem pela reportagem, nos municípios goianos de Luziânia, Jardim Ingá e Valparaíso, cartazes indicavam o movimento grevista.
Apesar disso, alguns moradores ainda tinham a esperança de registrar ocorrência. O motorista José Aparecido Pereira Cardoso, 45 anos, esteve no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) do Jardim Ingá por volta das 14h. Com dores no pescoço e o trauma de ter ficado sob a mira de uma arma apontada para a cabeça, ele tentou denunciar a violência no último sábado. “Eu fui jogado no chão por policiais militares, que ainda pisaram em mim, só porque eu fiquei umas horas a mais do que o permitido pela lei com o meu filho”, contou José Aparecido.
O auxiliar de produção Ilton Santos de Jesus, 33 anos, soube ainda na entrada do Ciops do Jardim Ingá que só poderia registrar um reclamação de estelionato após o fim da greve. “Na minha última fatura do cartão de crédito, cinco compras realizadas em São Paulo apareceram sem que eu tivesse feito. Fui até ao banco, e o gerente me informou que seria necessário fazer uma ocorrência para que não me creditassem o dinheiro”, lamentou.
Delegados
Os policiais civis de Goiás pedem aumento salarial e das gratificações, melhores condições de trabalho e realização de concursos públicos. “Queremos que o governo dê aos agentes o mesmo tratamento dispensado aos delegados. Eles receberam aumento salarial, e o valor chegou a 96% do que ganham os colegas do DF. Sem contar que muitos foram promovidos. E o tempo da promoção caiu de quatro para dois anos”, afirmou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO), Silveira Alves de Moura.
Se a reivindicação da categoria for atendida pelo governo goiano, o rendimento inicial de um agente passará dos atuais R$ 2.971 para R$ 7.250, segundo Silveira. Segundo ele, para reforçar o efetivo no Entorno seria necessário contratar, pelo menos, 600 policiais.
Por meio de nota, o governo de Goiás informou que não é possível atender os pedidos dos policiais civis do estado por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. O texto explica que as secretarias de Gestão e Planejamento (Segplan) e de Segurança Pública e Justiça (SSPJ) ofereceram aos grevistas um bônus de até 20%, de acordo com a produtividade de cada servidor. Dessa forma, o salarial inicial passaria para R$ 3.566,34. A proposta acabou rejeitada pela categoria um dia antes do início da paralisação. A nota acrescenta que todos os servidores de Goiás foram contemplados com um aumento de 9,5%, dado pelo governo estadual.