Relatórios da Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal, obtidos pela equipe de reportagem do DFTV 2ª edição, apontam a interferência da Polícia Militar em trabalhos de investigações de crimes. Segundo a reportagem do telejornal, o documento indica sete casos que tiveram as investigações prejudicadas por causa da conduta de policiais militares à paisana.
Um dos casos citados é um assassinato ocorrido em São Sebastião, em abril deste ano. Policiais militares teriam modificado a cena do crime antes da chegada da perícia. Segundo o relatório, após o crime, os PMs caminharam ao lado do corpo, tiraram fotos e fizeram disparos com a arma que estava no local.
O documento relata ainda o caso de um assalto a uma lanchonete no Guará, em fevereiro do ano passado, em que policiais militares à paisana teriam se apresentado como policiais civis e orientaram as vítimas a não fazerem registro de ocorrência. A Polícia Civil diz que só foi avisada do caso 15 dias depois.
Após uma operação contra o tráfico de drogas em Samambaia, em março de 2011, o serviço de inteligência da PM divulgou para a imprensa um vídeo mostrando a apreensão de 66 tabletes de maconha, 16 pedras de crack e R$ 257. De acordo com a Polícia Civil, a ocorrência registrada na delegacia, porém, apresentou números menores: três porções de maconha, cinco de crack e R$ 50.
O corregedor da Polícia Militar, Erich Meier, afastou os policiais que estavam envolvidos nos sete casos. Ele negou interferência no trabalho das duas corporações. ”A competência dos policiais militares no policiamento velado é para levantar informações que vão servir ao policiamento ostensivo da corporação. Eles não estão autorizados, nem têm competência para fazer investigações criminais, o que cabe à Polícia Civil”, disse.
Segundo o diretor do Sindicato da Polícia Civil do DF, Ciro de Freitas, eles vão denunciar a situação ao Ministério Público Militar. Freitas disse que os problemas com a PM são frequentes.