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Jurema de Morais explica como ocorreu o trabalho de identificação do corpo (Fotos: Paulo Cabral/Sinpol-DF)

Na última quarta-feira, 13, um corpo foi encontrado no porta-malas de um carro incendiado em Samambaia Norte. Desde então, os policiais civis da 26ª Delegacia de Polícia (DP) têm trabalhado no sentido de elucidar as causas e apontar os culpados pelo crime.

A identificação da vítima – um dos primeiros passos da investigação – parecia pouco provável devido ao elevado grau de deterioração do corpo. A completa desfiguração não permitiria o reconhecimento mesmo por familiares. E o prazo mais longo para o resultado do exame de DNA atrasaria a sequência do caso.

Foi aí que o trabalho da papiloscopista Jurema de Morais, chefe do Laboratório de Exames Necropapiloscópicos em Cadáveres Especiais (Lance) do Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), fez toda a diferença.

Ela conseguiu recuperar um pequeno fragmento do polegar direito e comprovou a identidade do homem: trata-se de James de Castro Henrique, 45, que trabalhava na Poupex.

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Apenas o polegar apresentava as condições para identificação pelas impressões digitais

ANÁLISE

Assim como grande parte do corpo, a mão esquerda foi consumida pelas chamas. Da mão direita, apenas o polegar, levemente protegido pelo fechamento do punho, possuía as condições mínimas para que as impressões digitais fossem recuperadas.

Para isso, a papiloscopista submeteu o dedo a uma série de processos de tratamento, ficando por várias horas imerso em substâncias químicas. No dia seguinte, após restabelecer parte do formato das cristas papilares, Jurema adotou um método chamado microadesão e, assim, obteve o datilograma.

A papiloscopista destaca a agilidade como um dos principais benefícios desse trabalho pericial. “As perícias necropapiloscópicas são umas das mais importantes formas de identificação cadavérica, por ser muito rápida e acessível. Além disso, apresenta um extremo grau de confiabilidade, já que não há casos de repetição de impressões digitais entre duas pessoas diferentes”, explica.

“Outro motivo forte para a celeridade na identificação é o fato da existência de um banco de registros civis, feito pelos próprios papiloscopistas através dos atendimentos para expedição da carteira de identidade ”, acrescenta Jurema.

ESPECIALIZAÇÃO

Formada por três profissionais, a equipe do Lance é responsável pela coleta das impressões digitais em cadáveres que necessitam de aplicação de técnicas mais elaboradas, devido ao estado de deterioração que se encontram.

Além de carbonizados, esses papiloscopistas lidam também com a identificação de corpos mumificados ou saponificados encontrados em várias partes do DF. Por estarem entre os profissionais mais especializados do país nessa área da identificação humana, por vezes chegam a atuar em grandes casos mesmo fora do Distrito Federal, a exemplo de 2006, quando Jurema trabalhou na identificação dos 154 corpos que estavam no voo da Gol que caiu no estado do Mato Grosso.

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