Do Correiro Braziliense

Espancamentos e assassinatos recentes aumentaram a sensação de insegurança na cidade. Nos últimos dois anos, as delegacias locais registraram a média de cinco homicídios por mês na cidade

Os frequentes assassinatos, tentativas de homicídio e assaltos assustam os moradores de Planaltina. Somente neste mês, foram registradas pelo menos três mortes, a maioria relacionada a disputas entre gangues. As forças de segurança sabem da rivalidade criminal na região. Em janeiro, a Polícia Civil prendeu nove integrantes desses grupos. Mesmo assim, os bandidos continuam a agir. Dado da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social mostram que, até novembro do ano passado, houve 56 homicídios — em 2015, 55. A média é de cinco mortes violentas por mês na cidade.

Mestre D’Armas, Vila Buriti, Vale do Amanhecer, Arapoanga e Jardim Roriz são os bairros com maior concentração de crimes em Planaltina. Quem mora em um desses locais evita falar sobre o assunto e até mesmo andar nas ruas. Tentativas de roubo são registradas em plena luz do dia. A parada de ônibus na BR-020 é um dos principais pontos de ataque dos ladrões. Cerca de 20 minutos antes de o Correio chegar a um desses pontos, quatro pessoas tiveram o celular levado por três criminosos. Dois policiais à paisana tentaram prendê-los. Houve tiroteio, mas as vítimas não recuperaram os objetos. “Não se passa um dia sem assalto. As pessoas ficam com medo de esperar coletivo nessa parada”, denuncia um comerciante da região.

Um dos líderes comunitários locais, Eduardo Roberto Silva, 20 anos, reclama que a região sofre com a falta de segurança, piorada com a ausência de iluminação pública. “As pessoas andam inseguras. Muitas não têm vontade de ficar na rua interagindo com outros vizinhos pelo fato de, a qualquer momento, poderem se tornar vítimas. É muito assalto, e as mortes, quando ocorrem, são assustadoras”, relata. Segundo ele, a Polícia Militar chega a intensificar o policiamento se há roubos. “Fica uma viatura fazendo ronda, mas, depois, volta toda a onda de assalto. Conheço pessoas que foram vítimas mais de duas vezes. O jeito é passar correndo pela passarela”, conta.

A violência também entra nas casas da população. A residência da agente de portaria Ana Bianca Rodrigues, 25 anos, já foi alvo dos bandidos em três ocasiões. Na última, os criminosos aproveitaram que não tinha ninguém no local para levar micro-ondas, televisão, diversos aparelhos eletrônicos e até a despensa de alimentos. “A situação só se resolveu depois que muramos toda a casa e colocamos grades em todas as janelas e portas. Em Planaltina vivemos em um clima de insegurança. Evito andar pelas ruas à noite”, disse. Na frente do lote dela, em uma madrugada, um carro acabou sendo incendiado. “Só ouvimos o barulho da explosão. Policiamento se vê, mas é bem pouco. Precisamos de mais segurança e, junto, algumas melhorias estruturais, como a iluminação pública, que é deficitária”.

Monitoramento

O delegado-chefe da 16ª Delegacia de Polícia, Edson Medina, avalia que, nos bairros considerados perigosos, não tem atuação de gangues. “O que existe são grupos criminosos que se unem para praticar delitos patrimoniais. Os crimes contra a vida ocorrem quando diferentes grupos entram em combate pelo fato de estarem praticando o mesmo delito”, detalha. “O nosso trabalho também é no combate às drogas. A presença de entorpecentes cria uma sensação de violência. Um celular acaba virando escambo no pequeno tráfico. O furto desse objeto acaba atingido a comunidade”, acrescenta. Segundo Edson, esses bandidos são monitorados. “Identificamos e mapeamos para, depois, agir com a prisão”.

A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social elabora, desde setembro do ano passado, planejamento integrado de segurança para oito áreas do Distrito Federal consideradas críticas por concentrarem 65% dos crimes no Distrito Federal. Entre elas, estão Planaltina, São Sebastião, Brasília, Estrutural, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e Santa Maria. “Os planos apresentaram resultado positivo nessas áreas, com redução de 9,3% nos delitos violentos letais intencionais e nos crimes contra o patrimônio”, esclareceu a pasta, em nota.

A Polícia Militar admitiu que Planaltina é uma das áreas com maior frequência de brigas de gangues na capital do país. “A corporação trabalha há anos otimizando seu policiamento na tentativa de apertar o cerco a esses criminosos, mas, infelizmente, muitos deles são presos, ficam pouco tempo na cadeia ou não são ressocializados devidamente. A reincidência e a impunidade agravam o problema”, informou a corporação, também, por nota. A PM ressaltou que o policiamento foi reforçado na região.

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