Relatório diz que índice de crimes é ‘crítico’; embaixada não comentou texto.
‘Preconceito’, diz secretário; texto cita roubos na Copa e assalto a libanês.

Documento elaborado pela Embaixada dos Estados Unidos no Distrito Federal orienta os funcionários do órgão e cidadãos norte-americanos a não frequentar as regiões mais afastadas do Plano Piloto no período noturno. O texto diz que “as cidades-satélites ao redor de Brasília são consideradas inseguras à noite e devem ser evitadas nesse horário”. Procurada pela TV Globo, a embaixada não quis comentar o assunto.

As informações constam do Relatório Anual de Crimes e Segurança de 2015, publicado no site do Departamento de Estado norte-americano. O texto afirma que “roubos, assaltos e invasões de propriedade são preocupações de brasileiros e estrangeiros” em Brasília.

Na abertura do documento, consta que o índice de criminalidade do DF é “crítico”, termo que também é usado nos relatórios de Buenos Aires e Quito. Em capitais como Montevidéu e Santiago, o índice é registrado como “alto” nos documentos. No trecho sobre terrorismo, Brasília aparece com “baixo risco” de ocorrências.

O relatório do DF recomenda cuidado em viagens noturnas a áreas rurais e regiões administrativas periféricas, por causa do “significativo potencial de assaltantes à beira da estrada”. Na área central, os setores hoteleiros e a rodoviária do Plano Piloto também são apontados como áreas de risco.

O documento é escrito em inglês e datado de 10 de março não tem versão disponível em língua portuguesa. O departamento produz relatórios similares em todas as cidades onde há representação consular, com o apoio dos núcleos locais.

O secretário de Segurança Pública, Arthur Trindade, afirmou em entrevista à TV Globo que considera o comunicado “preconceituoso”. Segundo ele, a taxa de homicídios do DF é inferior à de cidades como Detroit e Nova Jersey, nos Estados Unidos.

“Essas cidades[-satélite] não oferecem perigo a visitantes nem aos moradores, a ponto de caber algum tipo de recomendação sobre permanência ou horário de restrição a acesso”, declarou Trindade.

Caso a caso
Na segunda página, o documento cita o caso de um diplomata libanês que foi agredido em 1º de janeiro deste ano, durante um assalto no estacionamento de um shopping na Asa Sul. Os casos de roubos e furtos durante a Copa do Mundo no ano passado também são citados.

“Os itens comumente roubados incluem: carteiras, bolsas, telefones, câmeras, bagagens, joias e ingressos para os jogos. Esses crimes foram, em geral, não violentos, mas os que se tornaram violentos incluíram reações das vítimas. O torneio também resultou em crimes mais sérios como assédio sexual, assalto à mão armada e sequestro”, diz o texto, em tradução livre.

O relatório afirma ainda que a criminalidade aumenta entre dezembro e janeiro, e cita os “saidões” de Natal e Ano Novo como possíveis causas para o fenômeno. Segundo o texto, os turistas e trabalhadores estrangeiros são “alvos mais suscetíveis”, porque têm menor propensão a registrar ocorrência ou depor à Justiça.

Fonte: G1/DF

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