Por Rodrigo Franco*

Balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública, nesta semana, aponta para um aumento da criminalidade em todo o Distrito Federal. Os números trazem a realidade que é vivenciada por nós que moramos em Brasília todos os dias. A falta de investimento na área, aliada às políticas equivocadas, são algumas das causas do incremento da violência.

Os números frios apresentados na forma de gráficos e índices percentuais não retratam aquilo que de fato homens e mulheres de todas as idades vêm passando nas ruas da capital da República. Pelos dados apresentados, pode-se perceber que, somente nos primeiros seis meses do ano, 300 vidas foram ceifadas e outras 470 correram risco de morte. No total, os homicídios consumados ou tentados, somaram 770. Ou seja, a cada 24 horas, em média, cinco pessoas sofreram violência letal ou quase letal.

Mas os roubos são o que mais indicam o quanto os trabalhadores, estudantes e donas de casa vêm sofrendo no Distrito Federal. Os roubos a pedestres aumentaram 23%. Em índices, isso não significa muita coisa. Mas quando se transformam em números absolutos, isto é, 19.859 – podemos perceber o quanto a população está refém da criminalidade. Em média ocorrem 110 assaltos a pedestres por dia. São estudantes a caminho de casa ou da escola que têm seus celulares, tênis e mochilas roubados. São trabalhadores que são acuados a caminho do trabalho ou de casa, ou nos pontos de ônibus. Nesses assaltos, quase sempre há o emprego de arma de fogo ou faca, além da ameaça e violência.

Entretanto, o que mais me impressiona é o número de crimes registrados nos seis primeiros meses de 2016. Foram 159.179. Portanto, a cada dia, 879 crimes são praticados nas ruas das cidades do DF. Destes, 86% são crimes contra o patrimônio, quando há um prejuízo para as vítimas. Metade deles há o emprego de arma de fogo, faca ou violência. Assim, 378 pessoas saem de suas casas para serem assaltadas a cada dia. Os outros 14% são crimes contra a pessoa, como crimes contra a honra, homicídios e estupros.

O aumento nos índices da violência aponta para uma falta de investimentos em segurança pública. Na polícia civil, por exemplo, os recursos materiais precários geram insatisfação e insegurança na categoria. Os policiais têm trabalhado com apenas 30% de coletes balísticos para o efetivo total. Não há munição para treinamento e reposição, o mobiliário está desfasado e não atende à ergonometria. E, ainda, há delegacias que precisam ser construídas ou reformadas. A inflação já deteriorou metade dos salários. A falta de policiais de todos os cargos nunca foi tão grande e já são 4 mil cargos vagos.

A polícia civil sofre com falta de efetivos. Mas também de gestão. Há necessidade de realização de concurso público para carreira de apoio policial. Contratar mais servidores para a atividade meio da PCDF levaria a um maior aproveitamento de policiais na investigação. As seções de investigação têm números reduzidos de investigadores para um gigantesco número de ocorrências a apurar. Da mesma forma, os policiais militares têm reclamado de falta de condições adequadas e falta de efetivo.

Há diversas outras causas para o aumento da criminalidade e da violência. Mas, no que tange à segurança pública do DF, faz-se necessário uma mudança nas políticas e na gestão de forma a tornar o sistema mais eficiente e a cidade voltar a ter a paz que um dia já reinou pelo Planalto Central.
Policial valorizado. Sociedade protegida.

* Rodrigo Franco é presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF)

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